terça-feira, 3 de julho de 2012

Greve dos pilotos

Por morarmos na ilha e o Super Pai trabalhar fora dela, sempre que há greve de pilotos, controladores aéreos ou outros que directa ou indirectamente influenciam o normal funcionamento do aeroporto, acaba por influenciar muito o nosso quotidiano!

Todas as pessoas têm o direito de mostrar o seu descontentamento. Mas aqui entre nós, existe outras classes laborais em piores condições.

Encontrei este artigo e achei o máximo! É uma grande comparação...
Tive mesmo que partilhar


"Por Luís Simões de Almeida, interno de Ortopedia, publicado no grupo Médicos Unidos


Depois de mais uma viagem de avião e da habitual irritação com os procedimentos nos aeroportos, dei comigo a pensar, “e se um piloto trabalhasse nas mesmas condições que os médicos?”. Comparemos um voo com uma consulta…

Para começar, seria responsável pela gestão das vagas no seu voo, e pela marcação dos lugares dos passageiros. Se um passageiro decidisse adiar o voo, ajudá-lo-ia a marcar outro.

No dia do voo (possivelmente acabado de chegar direto de outro voo de longo curso, sem dormir ou tomar duche), ao passar pelo balcão do check-in, os passageiros olhariam para ele de lado e comentariam entre si que era sua culpa que o check-in estivesse a demorar tanto tempo. Dirigir-se-ia ao balcão de embarque, onde seria responsável por chamar os passageiros um a um, ajudá-los a sentarem-se nos seus lugares, a arrumar a bagagem e a apertar o cinto. Durante este tempo, possivelmente, uma hospedeira estaria sentada a olhar para ele…

Alguns passageiros poderiam ter que ir sentados no chão, porque tinha surgido um imprevisto na véspera, precisavam mesmo da viagem apesar de o avião já estar cheio… e o piloto teve pena deles. Mas não ficaria surpreendido se estes fossem os primeiros a reclamar.

Nesta altura, aperceber-se ia de que o número de passageiros sentados no chão era maior do que ele esperava. A companhia aérea tinha marcado mais sem o consultar! Todas as reclamações seriam, naturalmente, dirigidas a ele.

No fim de tudo isto chegaria, finalmente, à parte nobre da sua atividade, aquilo para que efetivamente foi treinado, e que gastou tanto tempo e dinheiro a aperfeiçoar: o voo.

Durante a viagem, um dos passageiros, inexperiente nestas andanças, chegaria à conclusão de que este voo para Londres não servia o propósito da sua viagem, que era ver a Torre Eiffel. Este passageiro ficaria, compreensivelmente, muito revoltado com o piloto, e faria questão de o fazer saber alto e a bom som.

Chegado ao destino, ajudaria os passageiros a sair do avião. Alguns demorariam um pouco mais, desejosos de discutir com ele a vitória da Seleção na véspera, ou que conselhos daria ao amigo do filho de um primo em 2º grau que pretendia viajar “não sei bem para onde”. Ou “já agora”, se não poderia marcar-lhes um voo noutra companhia, para não perderem mais tempo a ir a outro balcão. Um deles comentaria mesmo que, por coincidência, tinha uma sobrinha que tinha andado uma vez de trotinete, que é quase o mesmo que pilotar um avião.

Desejoso de ir para casa descansar, talvez ainda ajudasse uma passageira mais idosa a tirar o malão pesado da passadeira rolante.

E provavelmente não conseguiria sair do aeroporto sem ser interpelado por um passageiro que precisava de desmarcar um voo, mas não se lembrava da data nem do destino…"

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